Clube Filatélico de Portugal

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A fundação do Clube Filatélico de Portugal    ​


Em 1937, sozinho no campo do associativismo filatélico, o Clube Internacional de Trocas (CIT), sediado em Lisboa, começou a debater-se com falta de sócios o que provocou um lancinante apelo ao Eng.º António Furtado no editorial de “O Coleccionador”, intitulado “Entre nous”. Nele o articulista lamentava que “o recrutamento de novos sócios que constitui para todos um problema de solução mais difícil, representa para nós uma acuidade que faria desesperar outro menos corajoso ou experimentado do que nós.”(1)
A essa chamada não devem ter correspondido os coleccionadores, e todos os sonhos se desmoronaram porque em Fevereiro de 1938, o CIT publicou o último número do seu órgão oficial. Seguiu-se um vazio a que certamente não estranha a guerra fratricida que decorria em Espanha.

Tentativas infrutíferas
Entusiasta pela propaganda e tudo quanto fosse filatélico, como não existia qualquer associação filatélica, idealizámos a 1 de Março de 1939, a criação de um clube a que demos o nome pomposo de Estúdio Filatélico Mundial, com sede provisória na Rua de Moçambique, 25 r/c, em Lisboa. Todavia, não passou da fase de organização apesar de ter chegado a contar com 35 inscritos.
Infelizmente, decorridos tantos anos, só é possível computar dois sobreviventes daquele grupo: o autor e Amadeu Regalo, distinto comerciante filatélico estabelecido em Braga. Recorde-se que através deste coleccionador, o correspondente local do jornal “República” ficou de tal maneira entusiasmado com a ideia que “achou por bem dar a sensacional notícia”.(2)
Desanimados, no fim de 1939 em que prevíamos para o clube uma receita de apenas 400$00 (!), desistimos de prosseguir com a iniciativa, não deixando de fazer transparecer a nossa mágoa na medida em que, entre outras coisas, era nosso projecto efectuar propaganda a fim de desenvolver as vendas dos comerciantes filatélicos “que mereciam esse nome tais como Simões Ferreira, Myre, Eládio de Santos, etc.”.
Um caso paradigmático foi o de Simões Ferreira que tinha a sua loja na Rua do Arsenal, a qual era, por assim dizer, uma espécie de catedral da filatelia portuguesa. Como efeito, na sua revista “Portugal Filatélico” muitas vezes fez ver a necessidade de existir um Clube Filatélico. Porém, quando em várias ocasiões foi contactado no sentido de apoiar não só este clube como, posteriormente, a fundação do Clube Filatélico de Portugal, sempre se recusou a participar. Foi um desagradável caso esporádico.
Entretanto, devemos prestar homenagem ao Mercado Filatélico do Norte (MFNP) que em 1941, procurando superar a crise, publicou, a partir do número três da sua revista “Mercado Filatélico”, uma secção de trocas, e no ano seguinte fundou o Bureau d’Échanges Philatéliques (BEP) que era uma organização particular integrada no MFNP, com sede no Porto, na loja sita na Rua de Santo António.(3)
Todavia, dado o seu carácter restrito, essa organização não satisfazia os desejos dos coleccionadores em geral, e em especial os do sul do país, pelo que a luta para a criação de uma entidade autónoma teve de continuar.

Os primeiros passos
Assim, e porque a ideia de contribuirmos para a fundação de uma colectividade filatélica não esmoreceu, como colaborador que fomos da Revista “O Selo”, resolvemos, de acordo com o seu editor A. Molder, escrever um texto intitulado “Uma carta. Porque não criamos um clube filatélico”, a qual foi publicada como escrita por “Um Sócio do CIT”.(4)
A matéria dessa carta despoletou a formação de uma Comissão Organizadora que viria a fundar o Clube Filatélico de Portugal. Muito embora pouco convincentes nos resultados futuros, foram elaborados os Estatutos, e no dia 23 de Dezembro de 1942, reunidos em casa de João Tavares que pôs a sua morada na Rua dos Mouros, 32-3.º, à disposição para ser a sede provisória do clube, foi elaborada uma “Acta”, em que “os abaixo assinados deliberam fundar uma associação cultural com a denominação de “Clube Filatélico de Portugal”, com sede em Lisboa, que será regida pelos Estatutos anexos a esta Acta, depois de aprovados pelas competentes autoridades civis desta cidade.”
Estiveram presentes ou subscreveram esse histórico documento, os coleccionadores João Tavares, António Santos Almeida, António Borges de Brito, Pinto Júnior, Dias Ferreira, Manuel de Sousa Freitas, Manuel Thomas Rodrigues Troya, José da Silva Quaresma, David Lopes dos Santos, Domingos do Sacramento, A. Cruz Bernardo, Manuel Martins de Oliveira, António Marques e Eduardo Dores.
Em 29 de Dezembro de 1942 foi solicitado ao Governo Civil a aprovação dos Estatutos. A partir daí começaram as grandes batalhas não só para angariação de sócios, como também para efectuarmos a legalização do clube. Sob este aspecto, dado que estávamos em plena Segunda Guerra Mundial e, sobretudo, por haver muita dificuldade na aprovação dos estatutos por parte do Governo, tendo em vista as características internacionais de uma associação dessa natureza a almejada decisão marcou passo, não havendo outra coisa a fazer senão esperar.

Datas e acontecimentos
Para maior compreensão do que então se passou, elaborámos uma descrição cronológica de alguns detalhes que antecederam a fundação do clube.
A 7 de Abril de 1943, desanimado, João Tavares escreveu-nos pedindo para nos reunirmos “para tratarmos da organização do Clube Filatélico” e “agradecendo que se faça acompanhar de todos os impressos e revistas que possua sobre o assunto”. A partir desta data as reuniões passaram a ser efectuadas no primeiro andar do Café Chave de Ouro ou no Café Gelo, ambos no Rossio. Ilegais porque não possuímos alvará, o clube não podia, portanto viver, mais não nos restando que continuarmos pressurosamente a insistir par que o mesmo nos fosse concedido.
A 10 de Abril de 1943, resolvemos contactar, por carta, um grupo de 54 coleccionadores que conhecíamos, exortando-os a inscreverem-se no Clube. A 13 de Abril de 1943, constatamos que se tornava necessário realizar a “Primeira Sessão Preparatória dos Trabalhos da Comissão Organizadora do CFP”, com o fim de nos conhecermos pessoalmente, preenchimento de cargos e verificarmos o estado da legalização do clube.
A 16 de Abril de 1943, João Tavares comunicou ter contactado Vasco Ribeiro do Ateneu Comercial de Lisboa para solicitar a cedência de uma sala para uma reunião, a qual foi negada por “termos muita actividade e pouco espaço”. Entretanto convocamos uma reunião para tratar de diversos assuntos, à qual faltaram quase todos os convocados. Entre os poucos presentes foram ventiladas várias questões e propugnado que se viesse a realizar feiras.
Em 28 de Abril de 1943, João Tavares escrevia: “A ideia da feira é boa, mas como não conseguimos uma sala para a pôr em prática, não é possível realizar não só a feira como as reuniões e leilões”. Marcamos uma reunião para 30 desse mês apesar de nessa noite se realizar uma noite filatélica no Centro Filatélico Íris, no Rossio.
Os sonhos e a determinação dos fundadores eram muito grandes e em reuniões sucessivas estudávamos os mais variados assuntos que poderiam vir a interessar aos associados, tais como: secções de informação e propaganda, biblioteca, leilões, feiras, noites filatélicas, empréstimo de catálogos, representações, ficheiros, anuário e uma revista. Em relação a esta última podemos ler numa carta datada de 30 de Abril: “Revista: actualmente com a falta de papel (devido à guerra) chego à conclusão de que nada podemos fazer”. Nesse mesmo ano e pela mesma causa, o catálogo Yvert edição de 1943, teve uma tiragem muito pequena sendo hoje considerada uma raridade bibliográfica. Por seu turno, o Boletim do Clube Filatélico de Portugal só foi possível publicá-lo três anos mais tarde.

Divulgar é preciso
Naturalmente consideramos prioritário promover a existência do CFP, recorrendo a todos os meios ao nosso alcance para a sua divulgação. Não hesitamos, por exemplo, em 5 de Maio de 1943, a solicitar a inclusão do seu nome no Anuário de Portugal e na famosa publicação mundial, Didot-Bottin.
A angariação de novos sócios era muito difícil mas não recuamos e em 11 de Maio de 1943, contactamos coleccionadores que eram famosos na época, tais como, Paulo Ângelo (Macau), Carlos George, J. Ell, Dr. Von Bonhorst, Dr. João Barreira, Dr. João Couto, Dr. Rocha Madahil, Salter de Sousa, Cardoso Marta, Gusmão Navarro, Cap. Andreia Ferreira, Castro Brandão, Henrique B. Mendonça, Dr. António Fragoso, para além de outros menos conhecidos.
A 30 de Junho de 1943 pedimos a treze jornais da província para anunciarem a criação do clube. A 21 já tínhamos feito idêntico pedido aos sete jornais diários de Lisboa e aos três do Porto. A 2 de Julho, com a mesma finalidade, contactamos amigos que tínhamos no Clube Radiofónico de Portugal, Rádio Graça, Rádio Peninsular, e pedimos ao Rádio Clube Português para o mencionarem nas suas “Actualidades Radiofónicas”.
Novo desânimo, novo contacto com João Tavares interrogando-o sobre o andamento do clube. A 17 de Julho de 1943, escrevíamos “nunca mais recebi qualquer comunicação sobre o estado de organização do Clube”. João Tavares reagiu e escreveu entre outras coisas que fez “trinta e seis convites para entrarem para sócios e tive apenas uma resposta”, adiantando que estava em época de férias e que tinha muito que fazer na Companhia (Comércio e Indústria).
A 30 de Julho de 1943, contactamos mais quarenta coleccionadores, entre eles nomes conhecidos de todos como Fernando Manuel Ferro (filho de António Ferro), Carlos Rocha Leitão, Frank Barrote, Almeida Salgado, Vicente Fazenda, Aníbal Rafael da Silva, entre outros.
A 8 de Setembro de 1943 resolvemos alargar a nossa propaganda ao Brasil, e escrevemos a vinte e quatro colectividades brasileiras.
Por ocasião do nonagésimo aniversário da primeira emissão de selos portugueses, pensamos editar um Boletim comemorativo do evento. Esta ideia foi posta de parte a 26 de Junho de 1943.

Fundos para alvará
Como as receitas eram muito pequenas dado o escasso número de sócios, resolvemos emitir aquilo a que denominamos de “Títulos de Empréstimos”, de 100$00 cada. Contudo estes “Títulos” não podiam existir legalmente. Tivemos posteriormente de acabar com eles porque, praticamente, ninguém os subscreveu. Mas esse dinheiro fazia falta porque a 20 de Abril de 1943, João Tavares sabia que o desejado Alvará estava quase a ser concedido e não tinha dinheiro para o levantar!
A 28 de Outubro de 1943, comunicou que tinha de pagar o Alvará e que isso custava 92$50. Regozijou-se por o empregado do Governo Civil se ter enganado quando o informara antes que o custo aproximado era de 390$00, julgando tratar-se de uma associação científica, quando era uma associação cultural, pagando, por isso, menos.
A 8 de Novembro de 1943, tínhamos o Alvará nº 117 do Governo Civil de Lisboa, o qual tem a data de 27 de Outubro de 1943, data que, naturalmente, logo consideramos como o dia da fundação do Clube. Sabíamos que devidamente legalizados, iríamos contribuir decisivamente para o desenvolvimento da Filatelia em Portugal.
O arranque deu-se imediatamente e a comprová-lo está o facto de, paralelamente, em Maio de 1944, ser possível a realização da Exfipo – Terceira Exposição Filatélica Portuguesa. Nas respectivas Comissões Organizadora e Executiva estavam incluídos muitos associados do Clube Filatélico de Portugal.
Foram estes os passos essenciais para a formação do Clube Filatélico de Portugal. Reviver este passado, foi para nós altamente gratificante.

Referências
(1) O Coleccionador nº 10, Julho/Agosto de 1931.
(2) República, 4 de Julho de 1939.
(3) Mercado Filatélico.
(4) O Selo, Junho de 1941.
Arquivos do CFP e de Dias Ferreira.

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