LOT 1:
[PORTO; REVOLTA DOS TABERNEIROS; REAL COMPANHIA; VINHO DO PORTO] SENTENÇA DA ALÇADA, QUE EL-REY NOSSO SENHOR MANDOU ...
more...
|
|
![]() ![]() |
Sold for: €75
Price including buyer’s premium and sales tax:
€
91.61
Start price:
€
60
Estimated price :
€60 - €120
Buyer's Premium: 18%
VAT: 23%
On commission only
|
[PORTO; REVOLTA DOS TABERNEIROS; REAL COMPANHIA; VINHO DO PORTO] SENTENÇA DA ALÇADA, QUE EL-REY NOSSO SENHOR MANDOU CONHECER DA REBELLIÃO SUCCEDIDA NA CIDADE DO PORTO EM 1757, &c. Porto. Officina do Capitão Manoel Pedroso Coimbra. 1758. (8) 132 pp. 19,6 cm x 13,5 cm. E.
1.ª edição portuense deste documento importantíssimo para a história da cidade e do Vinho do Porto.
Em 1757, a cidade do Porto foi cenário de duas importantes revoltas populares contra a Companhia Geral de Agricultura e das Vinhas do Alto Douro, estabelecida no ano anterior por Sebastião Joseph de Carvalho e Mello. Esta companhia monopolista provocou ampla insatisfação, não apenas entre os negociantes de vinho do Porto (incluindo comerciantes ingleses), mas também entre taberneiros, tanoeiros e pequenos armazenistas da cidade. O primeiro e mais significativo levantamento ocorreu a 23 de Fevereiro, quando populares se reuniram na Cordoaria ao som dos sinos da Sé e da Misericórdia. A multidão enfurecida dirigiu-se primeiramente à residência do juiz do povo no Largo de S. Domingos, que foi forçado a acompanhá-los numa cadeirinha por suposta doença. O grupo exaltado prosseguiu então até à Rua Chã, onde confrontou o Regedor das Justiças, exigindo o fim da Companhia, e atacou várias propriedades: o escritório da Companhia, a casa do Provedor Luís Beleza de Andrade (onde um criado chegou a disparar contra os manifestantes), além das residências do secretário e de um deputado da Companhia, que foram saqueadas e danificadas.
Embora a situação tenha acalmado nesse mesmo dia, permitindo até a realização da Procissão de Cinzas à tarde, a resposta da coroa não tardou. O rei D. José I, informado rapidamente dos acontecimentos, ordenou uma investigação rigorosa. Surpreendentemente, um segundo motim eclodiu a 15 de Março, logo após a chegada do enviado real encarregado da devassa.
As consequências foram severas: dos 462 suspeitos identificados, 26 foram condenados à morte (21 homens e 5 mulheres). A cidade sofreu ocupação militar por tropas de várias regiões, tendo os habitantes que arcar com os custos de seu alojamento e manutenção através de um novo imposto. A administração municipal foi alterada e a Casa dos 24 (instituição que representava os mestres dos ofícios) foi extinta. João de Almada e Mello, parente de Sebastião Joseph, foi nomeado Governador do Partido Militar do Porto.
No desfecho trágico, 17 pessoas foram executadas a 14 de Outubro de 1757 — por enforcamento ou decapitação. Oito condenados conseguiram fugir e uma mulher escapou da pena capital por estar grávida. As cabeças dos executados foram exibidas em patíbulos, enquanto seus corpos esquartejados foram expostos publicamente no Largo de S. Domingos, nas ruas Chã e Cimo de Vila, e no Terreiro de Miragaia, como aviso contra futuros levantamentos.
Como curiosidade, este episódio faz parte de um dos muitos contido no romance De Genere da autoria de Raul Pereira, fundador da ANNO e redactor deste verbete.
Houve deste folheto uma reimpressão lisboeta no mesmo anno e, pelo menos, uma outra posterior (Officina de Antonio Rodrigues Galhardo, 1786).
Bom estado geral de conservação. Encadernação posterior singela com lombada em pele ornada a ferros; manuseada. Ligeiramente aparado em corte jaspeado. Falta a gravura alegórica da abertura. Bela dedicatória antiga de um filho a seu pai na folha de rosto e pequeno poema no verso da mesma. Miolo muito fresco e em papel sonante.
Extremamente raro.

