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[MANUSCRITO; HISTÓRIA DA MÚSICA PORTUGUESA; PORTO] Leite, António da Silva — COMPENDIO PARA SE APRENDER A TOCAR ...
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[MANUSCRITO; HISTÓRIA DA MÚSICA PORTUGUESA; PORTO] Leite, António da Silva — COMPENDIO PARA SE APRENDER A TOCAR PIANO FORTE PARA O ENSINO DE MENINOS. Primeiro quartel do séc. XIX. 25,5 cm x 20,5 cm. [52] fls.
Manual expondo método para o ensino de pianoforte, instrumento de teclas antecessor do piano contemporâneo, com exercícios musicais e explicações teóricas, estas orientadas tanto para alunos como para os seus mestres. Precede-o um prólogo do autor justificando a obra, em que considera insatisfatórios os manuais publicados pouco antes por João Domingos Bomtempo ( Elementos de música de methodo de tocar piano forte, Londres, s.d.) e pelo beneditino Fr. Domingos de S. José Varela ( Compêndio de Musica, teórica e prática, &c. Porto, 1806) e manifesta a esperança de que o trabalho em mãos possa suprir as suas falhas. A obra propriamente dita abre com uma exposição sobre o instrumento e as suas características; o curso é pontuado por explicações etimológicas de vários vocábulos associados a esta arte e breves considerandos históricos, bastante curiosos. Remata com uns versos ligeiros sobre o estudo do pianoforte.
Mostrando uma caligrafia cuidada e sem quaisquer rasuras, a sua apresentação e matéria prefatória sugerem tratar-se de um opúsculo didáctico composto com ambições de publicação e manuscrita por alguém do círculo próximo do compositor, provavelmente a seu próprio pedido. No entanto, algumas das pautas correspondentes aos exercícios não chegaram a ser inscritas com notação: na folha antefinal, um segundo frontispício anuncia uma «2.ª parte ou exercicios façeis para piano forte», que não se chegou a redigir ou não está presente.
António da Silva Leite (1759-1833) tem sido reconhecido como um dos mais significativos e versáteis compositores portugueses da viragem do século XVIII para o XIX, bem como uma das mais notáveis figuras musicais da história da cidade do Porto. Organista, compositor em diversos géneros, pedagogo e escritor, foi músico contratado da Santa Casa da Misericórdia do Porto desde 1779, e a partir de 1806 maestro e director do Real Teatro de São João, onde fez representar algumas óperas de sua autoria ou por si adaptadas. Foi ainda mestre de capela da Sé do Porto, onde em 1808 conduziu o
Te Deum pela libertação da cidade do domínio francês, e examinador de cantochão do Bispado do Porto. Deteve ao longo da vida numerosos encargos associados ao ensino da música, nomeadamente de órgão, canto, cravo, guitarra e viola, junto de mosteiros femininos da cidade e outras instituições, actividade plasmada num pequeno número de obras didácticas impressas e manuscritas. Constitui este exemplar, no entanto, o único que se lhe conhece para ensino de teclas (cf. Mimoso, 2023). Um dos cargos docentes que exerceu por mais tempo — quase 40 anos — foi o de mestre de música do Real Colégio dos Meninos Órfãos de Nossa Senhora da Graça da Cidade do Porto, capacidade em que o apresentam o frontispício e o prólogo do presente trabalho. É, portanto, de supor que o método aqui plasmado tenha sido o seguido no curso de pianoforte que ministrou aos pupilos daquela instituição. A título de curiosidade, note-se que foi na capela do Colégio dos Órfãos que, em 1808, Silva Leite apresentou a sua
Sinfonia da Restauração, também no âmbito das celebrações realizadas após a saída de Portugal do exército napoleónico.
Frontispício com tinta muito esbatida, só a custo deixando ler o título e o nome do autor; algumas manchas de água afectando levemente o miolo, sem perda de leitura. Desencadernado.
Documento da mais alta relevância para a História da Música Portuguesa e da cidade do Porto.
Bibliografia auxiliar:
Mimoso, N. et al. (2023). Património Musical de Santa Clara do Porto. DRCN.

