(MERCIÉ) MARIUS JEAN ANTONIN (1845-1916) “MULTIPLO”

(MERCIÉ) MARIUS JEAN ANTONIN (1845-1916) “MULTIPLO”

“GLORIA VICTIS” – Escultura em bronze moldado, relevado e patinado de grande gestualismo e pormenor, trabalho francês do séc. XIX-XX. Escultura [GLORIA], representando figura feminina de pé apoiada sobre o seu pé esquerdo em vulto perfeito e de asas abertas em posição de levantar voo, segurando com ambas as mãos um guerreiro moribundo e desnudo com o braço esquerdo esticado e com o direito flectido, segurando com a mão um sabre partido. Escultura assente sobre base circular repuxada com inscrição frontal [GLORIA VICTIS]. Escultura assinada na parte superior da base [A. Mercié] e no verso da base com carimbo da fundição, ladeada com a seguinte inscrição “Reduction Mecanique - A. Gollas - 750 - F. Barbedienne, Fondeur, Paris”.

 

Nota da escultura: A escultura “GLORIA VICTIS”, está exposta no hall de entrada do Museu do Petit Palais, em Paris. Ela representa uma Glória, alada e blindada, carregando um jovem guerreiro moribundo em direcção a Fama (Renommée) e a Imortalidade. Equilibrando-se na ponta de um pé, a figura alegórica estende sua asas e está pronta para lançar o seu voo. O título que o escultor Antonin Mercié (1845-1916) atribuiu à sua obra é intrigante: "GLORIA VICTIS" (Glória aos vencidos), pois trata-se de uma inversão da famosa frase “VAE VICTIS" (Ai dos Vencidos), que o general gaulês Brennus, em 387 a.C., teria dito contra os romanos que acabava de derrotar. Realizada em 1872, um ano após a derrota dos soldados franceses contra o exército prussiano, a estátua personifica a França derrotada, mas heróica: vulnerável em sua nudez, cabeça baixa, olhos semicerrados, braços estendidos, o soldado da Liberdade, herói sem glória, evoca a descida de Cristo da cruz. A derrota do soldado está simbolizada na faixa em volta da testa e o sabre de lâmina quebrada na sua mão. Em homenagem ao seu amigo e pintor Henri Regnault (1843-1871), morto em combate em 1871, contra os prussianos, o escultor Antonin, retratou o soldado morto, com a imagem dele. A escultura original em gesso foi executada em 1872, na Villa Medici (Roma) e ao ser exposta no Salão de Paris, em 1874, foi um grande sucesso e ganhou uma medalha de honra. Adquirida pela Prefeitura de Paris foi fundida em bronze em 1875. Entrou nas colecções do Petit Palais, em 1930. A escultura original tem 2,20 metros de altura e foi reproduzida em vários exemplares. Serviu de fonte de inspiração a vários artistas para a realização de monumentos comemorativos e patrióticos, após a Guerra de 1870.

 

Nota do Escultor: Marius Jean Antonin Mercié foi um pintor e escultor francês nascido em Toulouse. Estudou na Escola de Belas Artes em Paris e em 1868 venceu o “Grand Prix de Rome”. Das suas vastas obras, a mais conhecida foi "David", uma escultura em bronze que mostrava o herói bíblico nu, brandindo uma espada e com a cabeça de Golias a seus pés. Foi discípulo de Alexandre Falguière e de François Jouffroy. As suas primeiras grandes obras foram o "David" e "Gloria Victis", apresentados no Salão de Paris de 1872, onde receberam a medalha de honra. Em 1891, foi-lhe atribuído o posto de professor de Desenho e Escultura na Escola de Belas Artes e foi eleito membro da Academia Francesa, tendo posteriormente sido condecorado com o grau de grande oficial da ordem da Legião de Honra. Em 1913, tornou-se Presidente da Sociedade de Artistas Franceses.

 

Nota do Fundidor: Ferdinand Barbedienne (1810-1892) foi um metalúrgico e fabricante francês, conhecido como o Fundador do Bronze. Filho de um pequeno agricultor de Calvados, iniciou a sua carreira como negociante de papel de parede em Paris. Em 1838, constituiu uma parceria com Achille Collas (1795-1859), que acabara de inventar uma máquina para criar réplicas em miniatura de estátuas em bronze. Juntos, iniciaram um negócio de venda de miniaturas de estátuas antigas de museus de toda a Europa, democratizando assim a arte e tornando-a mais acessível às famílias. A partir de 1843 ampliaram o seu negócio, reproduzindo obras de artistas vivos e também diversificaram-se fazendo objetos domésticos esmaltados. Com a eclosão da guerra franco-prussiana em 1870, a empresa teve que mudar para a fundição de canhões devido à escassez de metais, mas retomou os negócios posteriormente. Após a morte de Barbedienne em 1892, a empresa foi administrada pelo seu sobrinho Gustave Leblanc até 1952. Entre os principais artistas reproduzidos pela firma estavam Antoine Louis Barye e Auguste Rodin.

Alt: 107,5 cm